E mesmo sabendo que amo, às vezes duvido.
Talvez por não querer acreditar, talvez pela dormência que me domina.
Talvez pela negação ser tão mais fácil de conviver.
E mesmo sabendo que amo, às vezes gostaria de não amar.
Talvez por desejar independência, talvez por sentir o peito tão pesado.
Talvez pela satisfação em não se decepcionar.
Mas amo.
Não há muito o que fazer sobre isso.
Vou tecer minha própria nuvem -de espera e pensamentos.
Para que chova e o frio do meu raciocínio me deixe dormente.
Matando um pouco a imaginação que fere mais do que alivia.
Pela angústia inexistente.
Pela futilidade da escolha avulsa.
Pelo qualquer almejado.
Desejo, pois, a não consciência; as constatações me desagradam.
Então tecerei uma nuvem para observa-la devanecer, e me perder ali.
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Segundo o dicionário:
Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.
Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)
Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.