Pediram para pintar de azul meus sapatos, pois assim coloriria a vida.
Fui além...
Joguei meus sapatos na água sanitária, ficaram num tom lilás-azulado-esbranquiçado.
Três meses depois minha mãe os jogou fora...
Pintei meus cabelos mas não funcionou.
Com o tempo o sol o clareou. Não bastou...
Pus algumas mechas, parte dos fios não aguentou, mas não houve nenhuma tragédia.
Pintei meus lábios.
Tentativa de sorrir mais bonito.
Pintei meus olhos.
Tentativa de esconder a alma.
Pintei meu sinal.
Tentativa de estar marcada.
Pintei minhas unhas.
Da base ao rosa.
Do rosa ao branco.
Do branco ao vermelho.
Vermelho.
Encaixei anéis.
Criei alianças.
Ordem inexata, construida.
Pouco a pouco.
Joguei branco em minhas paredes.
Usei tinta preta no acabamento.
Chorei azul, ri laranja, cuspi vermelho.
Cantei rosa, li violeta, sangrei amarelo.
Extrai do verde o cinza.
E misturei.
E misturei.
E misturei.
Sou um coquetel de aparêcia grotesca e forma indefinida.
Algo que borbulha.
E muda.
E fala.
E sente.
Mutante.
II
Há 14 anos
posso te colocar na minha lista de autores?
ResponderExcluiro.o'
saudade.