domingo, 30 de dezembro de 2012

falou o coringa


Minha rainha onde vais?

Por que vermelho é teu rastro se preto é tua cor?
Gasta tua espada dilacerando inocentes?

Quem mais inocente que teus próprios desejos?
Não são eles filhos bastardos a ti?

Olhe rainha, aqui estou.
Sempre observando teus passos gotejantes.

Majestade, sou apenas um fidelíssimo servo...
Embora sejam minhas as risadas que ecoam nas sombras.


sábado, 29 de dezembro de 2012

De quem odeia perder (ou Quartos; ou 2/4)

Encarou a porta fechada, centímetros distante do próprio nariz.
Suspirou, erguendo o punho deu leves batidas.
Chamou baixinho o nome, ainda nenhuma réplica.

Sabia que se virasse a maçaneta poderia entrar no quarto.
Porém antes de tudo queria escutar a resposta dele.


"Posso dormir com você?"

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Não falaria uma palavra a alguém, se recusava a formar qualquer pensamento sobre o assunto.
Ao entrar no quarto e ver a cama sem a outra figura ali deitada trazia a certeza da ausência.
Gostaria de apagar as lembranças e jamais ter visto os sorrisos sonolentos.
Ou o rosto sereno enquanto o peito se movimentava quase despercebidamente no corpo inerte.
Talvez juntamente esquecer os olhos despertos e todas as nuances refletidas.
Apenas a memória das risadas lhe trazem a boa sensação de morno ao peito; ecoam no vazio que ela deixou.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Babel


Eles se abraçaram.
Antes de seguirem caminhos distintos ela o fez se curvar e beijou-lhe a testa sussurando:

"Desejo tudo a você, o que lhe faça feliz."
"Por que sempre me deseja isso?"
"Porque não conseguirei ter o que desejo a mim."
"A outro pertence?"
"Ainda não, mas recusa-se a ser meu. Então apenas desejo-lhe tudo que o faça feliz."

Ele sorriu e calado foi embora.
Suspirou indo em direção oposta, não há necessidade em lutar por uma causa perdida.
Apenas desejava com todo o coração.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

enquanto isso

No rosto refletido,
Pupilas dilatadas.

Boca entre aberta,
Respirar profundo.

Pulso rápido,
Mente branda.

Na ponta dos dedos a lembrança de outro coração acelerado.

domingo, 9 de setembro de 2012

sem bote salva-vidas

Mergulho.
Todo o barulho do mundo desaparece.

Tão extasiada pela sensação,
Nado cada vez mais ao fundo.
Sem abrir os olhos.

Meu corpo adormece.
Não preciso de ar.

Há fusão entre corpo e água.
Silêncio da vida.

Frio enrijece os músculos. (Mas)
Não existe o que segurar.

Aqui quero permanecer.
Sem identidade ou corpo próprio.

Paz.






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Pulmões apertam.
Olhos se abrem.
O escuro envolve.
Movimentos delicados transformam-se.
Braçadas erráticas.
O corpo grita "Não pertenço".
Quando finalmente a boca suga todo ar que é capaz...
A mente sente falta do barco abandonado.
Com sorte estará longe demais para alcança-lo.

É preciso terra; chega de ficar à deriva.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

falando o mais claro que consigo, para não ser ouvida

E num piscar de olhos aceitei o meu lugar, porque sabê-lo não significava agir de acordo.
Talvez me permita um último devaneio, porque logo já não me faltará o ar.




Sentir-se em transição; estar feliz.
Uma paixão morre para dar lugar a mais amor.
Sem passivo-agressividade, sem ciúmes, sem mil intenções.
E dói como o último suspiro antes da resignação.

Ainda há devaneios, porém em formato de 'e se', não mais ânsias frustradas.

Continuar desejando proximidade.
Entretanto sem buscar algo inexistente; contentar-se com o real.

Sermos amigos é real e feliz.

Falta  indiferença aos carinhos, portanto há cautela.
Restam planos a cumprir e certezas a ter; sem hipocrisia: pouca é a inocência, mas não há pressa por resultados, nem esperanças.
Em um ano celebrar o funeral de uma paixão necessária, mas infeliz, que por longos 8 anos assombrou com previsões fracassadas uma reciprocidade imaginária.

Que de agora em diante o ame como cúmplice, apenas, não mais como possível pretendente.
Já não posso continuar me enganando.



Seguiremos como amigos porque é a única coisa que sabemos ser.



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Parece cocaína, mas é outro pó






Eu quebrei o giz entre os dedos
É o fim de devaneios torturantes
Não mais visitas por bel-prazer e ocasião
E nada será espalhado, enterrarei nas devidas covas.




terça-feira, 31 de julho de 2012

Voa, voa, mariposa.


"-Então você diz gostar de libélulas.
-Sim, me parecem por vezes confusas, mas obstinadas em natureza.
-Prefiro mariposas.
-Mariposas? Elas são desengonçadas.
-Porém não se deixam levar por qualquer brisa.
-Gosta da resistência?
-Da cumplicidade."

(Tantas mariposas em paredes, silenciosas companhias, guardam eternamente segredos confessos sem a intenção.)

"-Xô! Xô, mariposa!"
E ela partiu pela janela para nunca voltar.





sexta-feira, 29 de junho de 2012

Metade (18.06.2012)


A mordida é incompleta:
Metade do sangue derramado é dormência;
Da vida se falta parte,
Nítida é a ausência.
Nem sempre dor é o incômodo,
Dilacerar é a rotina;
Do mastigar é melhor a privação.


E no sorriso procuram-se dentes,
Pois a boca mal aberta
Reflete apenas resignação.
A falta que o sentir faz.


O gosto não preenche;
Apenas o eco dos sabores;
Os lábios tocam, nada mais.
O que é do beijo sem sensação?
Simplesmente provar vazio,
Enquanto o peito permanece batendo;
Sem intensidade resta sobreviver.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

dos belos de coração que não me ganham

Não amo muito e adoro apenas a mim.
Mas me importam tantas pessoas quanto não é normal de ser.
Me importa cada ser belo com quem tive o prazer de cruzar o caminho.
Seja pela doçura infinda, ode a alegria, senso de justiça ou amor às coisas pequenas.
Sempre me apaixono um pouco por sorrisos estonteantes e olhares que gritam mistério.
Não amo muito, mas os que amo me preenchem.
E embora saiba admirar qualidades, elas não embevecem meu carinho.
Se de paixões sei permanecer à distância, logo murcho sem meus amores.
Portanto deixo próximos os queridos, enquanto me distraio com as belezas do mundo.
Sempre me importando, nunca necessitando.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

sendo piegas

No peito o coração pulsa.
A mente se desvia do texto.
Ligações sem retorno.
As unhas descascando a cor indefinida refletem o espírito,
Muito mais que os olhos fixos num ponto invisível.
Sorriso seco de dentes doloridos.
Azia, insônia e alergia.
Um quadro apático exposto numa parede sem reboco.
'Seja Feliz', está escrito, 'Busque seus Sonhos'.
Irônico até se tomar uma pilula para dormir.
Continua sarcástico no decorrer da vida.

Abrir o peito e deixar sangrar.
Seguir os devaneios que se possa ter.
Abraçar quem faz do abraço necessário.
Pintar-se: as unhas de animo, os olhos de calma, a boca de verdade.
Sarar as dores que a alma traz ao corpo.
Tão piegas...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

são os dias que demoram a passar

Vontade? O que é?
Nunca ouvi tal palavra, nenhum sentido me faz.


E minhas tardes são para observar o desabrochar das flores, o breve balé de folhas, a marcha das nuvens e outras coisas bonitas.

domingo, 8 de abril de 2012

Agora morra com sua hipocrisia!

É o sorriso de canto que me faz perceber:
A mensagem subentendida nada mais é que um encontro de achares.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

kind of

Quando desistir parece deitar-se na cama após um cansativo dia...
Quando sair na chuva é a unica coisa que foge a rotina...



O que esperar do sono sem sonhos?
Por que esperar pelo próximo dia?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

torto

Gostaria de vomitar todos os pensamentos caóticos que impedem minha coerência.
Não. Nada impede minha coerência, ela é meu melhor pior.
Talvez por isso prefira as metáforas e os cortes de raciocínio.
Das razões e não-soluções, não procuro; Por teu ego posso fingir.


Deixo claro que o desapego é real; quanto amor por tanta dormência.
Mas tal a carne da ferida aberta que deixa de se fazer sentir, 
Tal a ânsia que deixa de se fazer presente após o costume,
Assim como tudo que passa desapercebido por conveniência:
Eu calo.






Não há culpa, não há entendimento.
Se quer meu sorriso te darei emoldurado em lábios pintados da tua cor favorita;
Deixando os olhos fechados para não delatar a mentira.



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Mas amo.

E mesmo sabendo que amo, às vezes duvido.
Talvez por não querer acreditar, talvez pela dormência que me domina.
Talvez pela negação ser tão mais fácil de conviver.


E mesmo sabendo que amo, às vezes gostaria de não amar.
Talvez por desejar independência, talvez por sentir o peito tão pesado.
Talvez pela satisfação em não se decepcionar.


Mas amo.
Não há muito o que fazer sobre isso.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FrIO

Vou tecer minha própria nuvem -de espera e pensamentos.
Para que chova e o frio do meu raciocínio me deixe dormente.
Matando um pouco a imaginação que fere mais do que alivia.


Pela angústia inexistente.
Pela futilidade da escolha avulsa.
Pelo qualquer almejado.


Desejo, pois, a não consciência; as constatações me desagradam.


Então tecerei uma nuvem para observa-la devanecer, e me perder ali.


_

Segundo o dicionário:

Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.

Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)

Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.
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