Já estava escuro há
algumas horas quando começou a chover. Numa esquina mal iluminada por pálido
amarelo, me abriguei encostado numa ombreira à espera de um estio para que
pudesse seguir caminho, estou fumando o terceiro cigarro e abandono qualquer
esperança de chegar ao meu destino. O beiral não é grande o suficiente e os respingos
de chuva mancham a barra da minha calça de modo que é melhor visitar Madame
Hilda Venturini quando estiver mais alinhado. Não poderia caminhar por seu piso
de mármore sem que meu reflexo nele me mostrasse impecável, afinal boa
aparência é uma das poucas coisas que me restou e para mendigar desmazelado já
existe plena concorrência. Não querendo desperdiçar o paletó branco decido me
dirigir a um botequim, passei pela frente de um às pressas enquanto previa a
chuva. A mim, Cássio Amarante, nenhum bar ou boteco passa despercebido.
II
Há 14 anos
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