sábado, 13 de fevereiro de 2016

Malandro em Primeira Pessoa


  Já estava escuro há algumas horas quando começou a chover. Numa esquina mal iluminada por pálido amarelo, me abriguei encostado numa ombreira à espera de um estio para que pudesse seguir caminho, estou fumando o terceiro cigarro e abandono qualquer esperança de chegar ao meu destino. O beiral não é grande o suficiente e os respingos de chuva mancham a barra da minha calça de modo que é melhor visitar Madame Hilda Venturini quando estiver mais alinhado. Não poderia caminhar por seu piso de mármore sem que meu reflexo nele me mostrasse impecável, afinal boa aparência é uma das poucas coisas que me restou e para mendigar desmazelado já existe plena concorrência. Não querendo desperdiçar o paletó branco decido me dirigir a um botequim, passei pela frente de um às pressas enquanto previa a chuva. A mim, Cássio Amarante, nenhum bar ou boteco passa despercebido.

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Segundo o dicionário:

Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.

Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)

Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.
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