segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

procedimento


Abrir o peito, cuidadosamente - aplicando a força necessária - arrancar o coração e depositá-lo numa jarra. Lacrar bem.
Esquecer de sua existência e seguir sorrindo pelo mundo.


"Parece estranha a garota..."
"Bobagem; continua a mesma."

"Mas... Tem algo nos olhos..."
"Como reparar em contraste ao brilho dos dentes?"

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

re-signo


Calei, por cansaço e tendo aprendido
Pois os lábios podem ser contraditos
E o fôlego é pouco para retratações.
Surda estou, aos meus próprios impétuos
Afinal o que é a negação alheia comparada a própria?


Cega fico aos antigos caminhos que insistem sob os mesmos espinhos reabrir as chagas mal cicatrizadas




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

cuidado com as garras -e dentes.


Se diz torta; se vê estática diante a fluidez do mundo.
Quanta bobagem...
Eu vejo monstro, de pisada forte, capaz de deixar marcas em tudo que se der ao trabalho de tocar.

Eu, com meus olhos de monstro, te vejo linda.




quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

he said, he said



É passada a ideia, de mil maneiras distintas, que o não gostar transforma-se.

Que sempre é válida uma nova tentativa em alcançar o desejado.
(Insistindo infinitamente, pois a possibilidade não se extingue.)

Embora não negando a frustração da esperança quebrada.
Ainda é mais válida a coragem em se fazer de tolo
Usar de todas as chances e deixar o peito exposto
Do que ter o orgulho como desculpa ao silêncio.
Afinal algumas sensações nunca acabam.
E é melhor ter a certeza do fracasso
Que a dúvida sobre a última chance.

________


Pois saiba que meu peito não é de aço.
Meu orgulho é a última defesa.
Ainda assim tanta tolice me deixei fazer.

__________

Ela vociferou em suspiro:
Não há porquê usar de tal coragem para ser desprezível.
Lutar pelo desejado só é nobre enquanto pouco se tem.
Não confunda empatia com  indulgência.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

sobre II (o outro lado)




Me tranco num quarto para então escapar.
Caso fugisse mundo a fora, não estaria livre da perseguição.
Em qual esquina a maldita sombra se esconderia?
Ao menos agora sei o que me espera do outro lado da porta.

Minha dor vem da laceração que tal monstro me fez.
Atônito; dias não me fizeram entender o que aconteceu.
O corpo definhou, chagas se alastraram...
A perversa figura segue me torturando.

A principio sussurrava desculpas, esticando os dedos pela fresta

Logo trouxe alimentos e remédios para demonstrar fundamento ao apelo
Não tardou a ceder ao cansaço e as palavras foram sumindo com o passar dos dias.
Os sons diminuindo até restarem somente passos e o arrastar da bandeja.

E embora a maldita presença não siga uma rotina, está sempre a espreita...
Usando remédios e comida para se reafirmar.
Migalhas.
Tentando reconquistar o que há muito foi morto.

O que deseja de mim?
Que o corpo se entregue para ter toda carne destrinchada?
Enquanto restarem forças não deixarei minha guarda baixa.
E beirando a loucura faço do meu cárcere a minha motivação
Pois embora da vida já não tenha apego,
Meu orgulho não me deixará morrer.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

shake it out



Tentar vencer um monstro...
Se perguntando a todo momento 'o que é ele?'
Ainda que inquilino em seu interior, trata-o tão alheio.
Qual noção de certo e errado pode ser usada numa luta contra si?

Vontade intensa, paixão fingida pela necessidade e perda...
Desejo queimando pela própria existência, adaptando toda forma a preencher um vazio. 

Resignação, preguiça em lutar, fria lógica ativada pelo senso de proteção.
Resiliência, conforto, covardia talvez.

Já tem aprendido que não pode ter tudo que quer.
Sabe que não adianta se esforçar se não está ao seu alcance.
Merecer não é uma qualidade, apenas referência.

Desistir é o menor caminho, mas às vezes demora-se tanto a pega-lo.


Segundo o dicionário:

Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.

Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)

Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.
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