quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
anunciado
Disse uma vez,
Não sou boa em manter relacionamentos antigos.
Acho que agora você acredita.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
arroto
O cansaço se estabeleceu
O que um dia houve
as ramas secaram
ligações rompidas
doloroso, vivo, pulsante, gritante
desfez-se em lascas e pó
da cicatriz não há dor ou amor
desentrelaçado
só paz
O que um dia houve
as ramas secaram
ligações rompidas
doloroso, vivo, pulsante, gritante
desfez-se em lascas e pó
da cicatriz não há dor ou amor
desentrelaçado
só paz
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Senhor nunca o amei
Entendo agora
Sempre foi buraco, vazio
O desespero era real,
não o amor.
Porque sou presa no meu egoísmo.
Meu olhos são espelhos virados a mim
e desejo
e almejo
e só vejo
m(eu)
quinta-feira, 7 de julho de 2016
exasperadamente
Fugir não é uma opção
Presa em ser
No poço em que me encontro,
mergulhada na áspera dormência,
vejo tremeluzente um fio.
Não é possível alcança-lo,
impedida pela escuridão que envolve,
mas ó quanta graça ao debater-me
e o fio bailar um tanto mais.
Esqueço o frio por um momento
esqueço a falta de ar.
Os olhos presos na dança sem ritmo
daquele risco de mim a zombar.
domingo, 6 de março de 2016
Histórinha para não dormir
Há um monstro.
Não acredite naqueles que dizem o contrário.
Há um monstro e como monstro ele é mau.
Sua feiúra vem da sua maldade, não da aparência, que pode exalar inocência. O maior erro é acreditar na inocência que os olhos vêem, ignorando o gosto amargo que lhe sobe a garganta ao encarar tal criatura.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Meninas e Meninos
A cozinha pequena estava enevoada pelos vapores das panelas que borbulhavam e chiavam no preparo do almoço. A moça que ali se encontrava seguia cantarolando mesmo com os respingos de óleo, ela havia sorrido enquanto cortava as cebolas e desta vez não se incomodou com a gordura que ensebava sua mão. Hoje, sete de março, era seu aniversário.
Nas folhas abarrotadas do diário que guarda embaixo do colchão rabiscou planos e expectativas para essa data, esperava que seu namoro finalmente virasse noivado. Ela, Ana das Graças, se tornaria Ana Peixoto ainda esse ano, escreveu com caligrafia redonda e floreada.
Do outro lado da cidade Marcos Peixoto esbravejava maldições a todos os santos e demônios porque seguia perdendo no dominó. Depois que metade do seu dinheiro pagou as apostas e o resto foi bebido em cachaça levantou-se cambaleante do banquinho.
Ou me rogaram praga ou esse jogo está roubado, vou me benzer e da próxima trazer a peixeira. Após suas ameaças costumeiras ele saiu do Clube Gávea trôpego, era frequentador assíduo, mas acima de tudo um homem de rotina. Nunca lembrava de passar pela igreja e pedir a benção e a peixeira ficava esquecida atrás da porta. Anunciou com xingamentos a chegada em casa ao tropeçar no tapete da sala.
Menino, vai comer para esse álcool sair. Marcos ignorou a mãe e seguiu direto para o quarto, deitou sem se dar ao trabalho de tirar os sapatos. Hoje em nenhum momento falou o nome da namorada.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Malandro em Primeira Pessoa
Já estava escuro há
algumas horas quando começou a chover. Numa esquina mal iluminada por pálido
amarelo, me abriguei encostado numa ombreira à espera de um estio para que
pudesse seguir caminho, estou fumando o terceiro cigarro e abandono qualquer
esperança de chegar ao meu destino. O beiral não é grande o suficiente e os respingos
de chuva mancham a barra da minha calça de modo que é melhor visitar Madame
Hilda Venturini quando estiver mais alinhado. Não poderia caminhar por seu piso
de mármore sem que meu reflexo nele me mostrasse impecável, afinal boa
aparência é uma das poucas coisas que me restou e para mendigar desmazelado já
existe plena concorrência. Não querendo desperdiçar o paletó branco decido me
dirigir a um botequim, passei pela frente de um às pressas enquanto previa a
chuva. A mim, Cássio Amarante, nenhum bar ou boteco passa despercebido.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Entrelaços
O dia estava nublado, mas não havia sinais de chuva. No caminho
de terra que conectava a escola ao riacho uma menina andava de cabeça baixa chutando as pedrinhas que apareciam em sua frente, cada passo levantava uma pequena nuvem
de poeira e seus sapatos de boneca já perdiam o brilho da graxa preta. De
vestido cinza chumbo, blusa branca e cabelo metade trançado, ela trazia
apertado em sua mão um pedaço de fita amarela.
- Maria! - gritou ainda de longe a menina de cabelos soltos e mesmas vestes
que esbaforida estava correndo ao seu encontro. Tropeçou numa das pedras que foram movidas por Maria, mas nem assim conseguiu a atenção da outra.
Levantou-se tão depressa quanto caiu nem se prestando ao trabalho de espanar a
poeira do vestido, de faces vermelhas e cabelos agora desgrenhados tocou no
ombro de Maria antes de chama-la mais uma vez.
- Cecília, o que faz aqui?
Antes de responder Maria, Cecília abriu um sorriso e mostrou duas
fitas brancas.
- Vamos praticar como trançar juntas. A professora não vai se
importar com a cor da fita se a trança estiver perfeita.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
palavras que pulsam
Essa menina quer escrever sangue, mas não por colocar o líquido púrpura no tinteiro ou por repetir-se: sangue, sangue, sangue, sangue...
Quer ver cada traçado tal veia, transportando em seu interior a essência que precisa se oxigenar na mente alheia.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
u made it
Uma vitória vazia de prazeres esvoaçantes...
Noite mal dormida de solidão a dois.
São maus encaixes, más escolhas e falta de amores.
Mas há um sorriso constante;
como a vida é engraçada.
Me sinto tão bem.
Restam tão poucas dúvidas.
Há tanto espaço a preencher.