domingo, 25 de julho de 2010

3/4

das quatro coisas essenciais penso que talvez, quem sabe não faça segredo, eu tenha achado três.


soumos

me falta o ar

sexta-feira, 23 de julho de 2010

1/3

Não saber é fato.
Descobrir é surpresa. Boa, má; Grande, pequena.

Perceber flutua entre frustrante e alívio.




Um dia não havia divisão.
Em outro doou-se inteiro.

Logo após voltou partido.

Não demorou a montar os pedaços.
-Que como cera ao passar do fogo, mesclaram-se em unidade.
Passa o tempo e deixa ser tocado.
Uma mão.
Dez dedos.
Por descuido levam porções.
Sobrava um terço a ser guardado.
As paredes construidas ao redor eram grossas.
Muitas armadilhas e senhas por todo o percurso.
Então demorou a perceber que o último pedaço já não estava ali.
Tanto tempo protegendo algo que não possuia...
Que boba.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O forno (09.05.09)

Hoje reuniriam-se com a expectativa de ser a última vez em vida. Um jantar definiria se continuariam sendo uma família. Tomou como sua a responsabilidade não deixar todos se separarem; prepararia a comida do exato jeito ensinado por sua mãe. Esperava que o paladar trouxesse a lembrança do que são, fazendo outro encontro vir e pouco após mais um, continuando unidos ate que ela própria morresse. O término das reuniões, depois, não a afetaria. A morte traz consigo um certo desapego.

Preparou o local de trabalho; organizou os ingredientes; iniciou a montagem de sua obra de arte. Ligou o forno, logo estaria quente: pronto para engolir a forma e vomitar salvação.
Após fechar a porta do pequeno realizador de milagres, o encarou. Não via nada em seu interior além da escuridão e perdeu-se ali.
O breu trouxe lembranças fragmentadas de sua história, alguns momentos com sua família. Continuou olhando fixamente o negrume e esqueceu-se o porquê. Sentimentos ruins vieram, pressentia todo seu trabalho sendo destruido.
Aquele não era um simples forno, mas um pequeno inferno instalado em sua cozinha. O resultado previsto seria alterado por aquela caixa de trevas. A reunião seria um desastre, além de jamais voltarem a encontrar-se as ligações também cessariam.
O jantar queimaria, e sua família por consequência. Sem saber os havia condenado à cremação. A comida estragaria junto às suas esperanças de que tudo terminasse bem. Ela viraria cinzas; além de espalhar-se ao vento o que poderia fazer?

Sua força é insignificante perto do compartimento maligno. Em pensar que precisava dele para completar seu plano, se arrependia. A expectativa do cheiro forte, lúgubre e sufocante já a envenenava.
No auge de seu desespero estático o telefone tocou. Deixaria o destino atuar e sai da cozinha. Ninguém virá. Desligou inconformada, nem se deu o ao trabalho de tentar remarcar o encontro.

Volta à cozinha e percebe que a comida está pronta. Pega uma porção e ao provar tem um breve esclarecimento. A culpa é dela que os chamou fantasiando com a possibilidade de todos ficarem bem. O forno faz a parte que lhe cabia. Sorrindo um pouco pensa que sua mãe ficaria orgulhosa, a comida estava exatamente como ela prepararia.

sábado, 10 de julho de 2010

PROCURA-SE

Foram perdidos:
isqueiro, senso, piercing e botas.
exatamente nessa ordem.

O paradeiro deve estar entre o completamente chateada e inegavelmente estúpida.

Por favor, quem achar um ou mais itens entregar no número deturpado, da rua esquecida, próximo à alameda dos devaneios devastados, no bairro sem nome. como referência há o comodismo na esquina.

Em recompensa ofereço qualquer coisa que seja de minha posse, exceto as procuradas. o interessado deve conseguir levar sem ajuda alheia de qualquer tipo, caso contrário o desejado não será cedido.

Agradecida pela atenção.


terça-feira, 6 de julho de 2010

Engraçado






Eu queria escrever sobre como a graça é relativa, como eventos bizarros estão divididos tenuamente entre o triste e o cômico.
Devanear sobre graça não ser sobre riso, mas se sentir bem.
O inicio teria uma pequena critica às piadas que preservam e espalham ideologias que menosprezam outro grupo, logo depois explicaria que não teço sobre fatos e começaria a despejar o sentimentalismo barato dos momentos pequenos. Terminando com comparações sobre vida e morte versus humor negro, ratificando o ponto onde o relativismo é o cerne de todas as opiniões.

Não consegui.
Talvez seja a cabeça cheia de nada, o tempo que passei sem escrever, um bloqueio ou pura falta de talento.
Independente disso, tive vontade de passar aqui.
Já esgotou-se o estoque de textos "postáveis"... E a mente está esgotada em si.

Repito que não gosto de discursar sobre o que penso, apenas descrever de forma abstrata tal o próprio pensamento e as sensações produzidas.
-Essa sou eu, com exceções esporadicas a nenhuma regra. Seguindo o que quero fazer.

Já programei o próximo post, bem perto...


{O que saiu dos meus dedos ainda sem organização/Eis a construção interrompida do expelir de um pensamento:}
A graça das coisas é tão relativa quanto todo o resto.
(Quero rir das minhas culpas e amores.)
A testa que se contrai em preocupação com quedas alheias...
Divide espaço com os olhos molhados de riso do próprio joelho ralado.
Ficar encarando o teto por tanto tempo que não se tem idéia das horas...
Mas se perguntado o que pensava, não saberia dizer tamanha a superfluidade.
A piada racista que enoja, a sexista que conserva e a de humor negro que camufla.
É sobre o que todos já sabem, continuam propagando e negam ante julgamentos morais.
Mas não falo sobre isso, pouco falo da realidade emanada pelo mundo.
É a graça de tudo aquilo interessante, muitas vezes tão única que nem é considerada.
Não do riso em si.

Alguém se arrisca a por em ordem ou continuar?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não é que eu esteja voltando, não é que eu esteja partindo

Mutando, apenas... Seguindo.

(mesmo/para isso)
Deixando para trás, abandonando, desistindo.

Transformando-se tal uma borboleta que livra-se de uma segunda crisálida.

Aperfeiçoando os defeitos invisíveis.

Quiçá, além de voar também respire em baixo d'água...


E o tempo surge, como uma criança brincando de esconde-esconde, gritando "Te achei!".
O engraçado são as fugas que parecem caças...

Segundo o dicionário:

Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.

Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)

Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.
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