quarta-feira, 10 de novembro de 2010
sobre
Algumas coisas morrem, outras apenas terminam.
Sem necessariamente um meio, tudo tem um fim depois do começo.
Como lutar por alguém que já desistiu?
Quem sabe você a destranque...
Quem sabe esteja tomando os remédios...
Quem sabe um dia noto o seu cheiro pútrido e ligo para a funeraria...
Quem sabe eu passe um bilhete e não volte mais...
"Senhor, já não o amo."
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
a mulher e seu cão morto
É fluxo.
Rio sem margens.
Rio sem margens.
Só o líquido a escorrer.
Arrastando o que nele estiver.
Não estando cansada a ponto de me afogar, mas não tenho forças para sair da correnteza.
Nem vejo saída.
domingo, 12 de setembro de 2010
um passo adiante
Cortar
Tosar
Conter
Diminuir
Partir
Arrancar e/ou Deixar
Um passo adiante.
Parar de sentir.
Cumprir rituais de perda, luto e desapego.
O tempo preenche, transborda e continua.
Decisões tomadas com sorvete e solidão.
A última chance perdida junto a esperança.
E a lua sorridente que lembra; talvez o momento de já não lembrar.
Seja recordação até virar indiferença.
Possuindo ou não o conforto de conhecer como tudo termina.
Tosar
Conter
Diminuir
Partir
Arrancar e/ou Deixar
Um passo adiante.
Parar de sentir.
Cumprir rituais de perda, luto e desapego.
O tempo preenche, transborda e continua.
Decisões tomadas com sorvete e solidão.
A última chance perdida junto a esperança.
E a lua sorridente que lembra; talvez o momento de já não lembrar.
Seja recordação até virar indiferença.
Possuindo ou não o conforto de conhecer como tudo termina.
sábado, 21 de agosto de 2010
eu (não) vejo
É incolor, tudo.
Ao mesmo tempo em que há uma camada cristalizada cobrindo, tudo.
Então vem o cinza -prateado, rezulente.
Passa o cinza e fica o vermelho, elo.
Escorre o vermelho e sobra rosa e púrpura.
Traçados púrpuras e não verdes.
Aguardado o momento de Ouroboros largar sua cauda.
domingo, 25 de julho de 2010
3/4
das quatro coisas essenciais penso que talvez, quem sabe não faça segredo, eu tenha achado três.
♦ soumos
♦ soumos
♠há
♣ me falta o ar
sexta-feira, 23 de julho de 2010
1/3
Não saber é fato.
Descobrir é surpresa. Boa, má; Grande, pequena.
♠♦♣♥♠♦♣
Um dia não havia divisão.
Em outro doou-se inteiro.
Logo após voltou partido.
Não demorou a montar os pedaços.
-Que como cera ao passar do fogo, mesclaram-se em unidade.
Passa o tempo e deixa ser tocado.
Uma mão.
Dez dedos.
Por descuido levam porções.
Sobrava um terço a ser guardado.
As paredes construidas ao redor eram grossas.
Muitas armadilhas e senhas por todo o percurso.
Então demorou a perceber que o último pedaço já não estava ali.
Tanto tempo protegendo algo que não possuia...
Que boba.
Descobrir é surpresa. Boa, má; Grande, pequena.
Perceber flutua entre frustrante e alívio.
♠♦♣♥♠♦♣
Um dia não havia divisão.
Em outro doou-se inteiro.
Logo após voltou partido.
Não demorou a montar os pedaços.
-Que como cera ao passar do fogo, mesclaram-se em unidade.
Passa o tempo e deixa ser tocado.
Uma mão.
Dez dedos.
Por descuido levam porções.
Sobrava um terço a ser guardado.
As paredes construidas ao redor eram grossas.
Muitas armadilhas e senhas por todo o percurso.
Então demorou a perceber que o último pedaço já não estava ali.
Tanto tempo protegendo algo que não possuia...
Que boba.
terça-feira, 20 de julho de 2010
O forno (09.05.09)
Hoje reuniriam-se com a expectativa de ser a última vez em vida. Um jantar definiria se continuariam sendo uma família. Tomou como sua a responsabilidade não deixar todos se separarem; prepararia a comida do exato jeito ensinado por sua mãe. Esperava que o paladar trouxesse a lembrança do que são, fazendo outro encontro vir e pouco após mais um, continuando unidos ate que ela própria morresse. O término das reuniões, depois, não a afetaria. A morte traz consigo um certo desapego.
Preparou o local de trabalho; organizou os ingredientes; iniciou a montagem de sua obra de arte. Ligou o forno, logo estaria quente: pronto para engolir a forma e vomitar salvação.
Após fechar a porta do pequeno realizador de milagres, o encarou. Não via nada em seu interior além da escuridão e perdeu-se ali.
O breu trouxe lembranças fragmentadas de sua história, alguns momentos com sua família. Continuou olhando fixamente o negrume e esqueceu-se o porquê. Sentimentos ruins vieram, pressentia todo seu trabalho sendo destruido.
Aquele não era um simples forno, mas um pequeno inferno instalado em sua cozinha. O resultado previsto seria alterado por aquela caixa de trevas. A reunião seria um desastre, além de jamais voltarem a encontrar-se as ligações também cessariam.
O jantar queimaria, e sua família por consequência. Sem saber os havia condenado à cremação. A comida estragaria junto às suas esperanças de que tudo terminasse bem. Ela viraria cinzas; além de espalhar-se ao vento o que poderia fazer?
Sua força é insignificante perto do compartimento maligno. Em pensar que precisava dele para completar seu plano, se arrependia. A expectativa do cheiro forte, lúgubre e sufocante já a envenenava.
No auge de seu desespero estático o telefone tocou. Deixaria o destino atuar e sai da cozinha. Ninguém virá. Desligou inconformada, nem se deu o ao trabalho de tentar remarcar o encontro.
Volta à cozinha e percebe que a comida está pronta. Pega uma porção e ao provar tem um breve esclarecimento. A culpa é dela que os chamou fantasiando com a possibilidade de todos ficarem bem. O forno faz a parte que lhe cabia. Sorrindo um pouco pensa que sua mãe ficaria orgulhosa, a comida estava exatamente como ela prepararia.
Preparou o local de trabalho; organizou os ingredientes; iniciou a montagem de sua obra de arte. Ligou o forno, logo estaria quente: pronto para engolir a forma e vomitar salvação.
Após fechar a porta do pequeno realizador de milagres, o encarou. Não via nada em seu interior além da escuridão e perdeu-se ali.
O breu trouxe lembranças fragmentadas de sua história, alguns momentos com sua família. Continuou olhando fixamente o negrume e esqueceu-se o porquê. Sentimentos ruins vieram, pressentia todo seu trabalho sendo destruido.
Aquele não era um simples forno, mas um pequeno inferno instalado em sua cozinha. O resultado previsto seria alterado por aquela caixa de trevas. A reunião seria um desastre, além de jamais voltarem a encontrar-se as ligações também cessariam.
O jantar queimaria, e sua família por consequência. Sem saber os havia condenado à cremação. A comida estragaria junto às suas esperanças de que tudo terminasse bem. Ela viraria cinzas; além de espalhar-se ao vento o que poderia fazer?
Sua força é insignificante perto do compartimento maligno. Em pensar que precisava dele para completar seu plano, se arrependia. A expectativa do cheiro forte, lúgubre e sufocante já a envenenava.
No auge de seu desespero estático o telefone tocou. Deixaria o destino atuar e sai da cozinha. Ninguém virá. Desligou inconformada, nem se deu o ao trabalho de tentar remarcar o encontro.
Volta à cozinha e percebe que a comida está pronta. Pega uma porção e ao provar tem um breve esclarecimento. A culpa é dela que os chamou fantasiando com a possibilidade de todos ficarem bem. O forno faz a parte que lhe cabia. Sorrindo um pouco pensa que sua mãe ficaria orgulhosa, a comida estava exatamente como ela prepararia.
sábado, 10 de julho de 2010
PROCURA-SE
Foram perdidos:
isqueiro, senso, piercing e botas.
exatamente nessa ordem.
O paradeiro deve estar entre o completamente chateada e inegavelmente estúpida.
Por favor, quem achar um ou mais itens entregar no número deturpado, da rua esquecida, próximo à alameda dos devaneios devastados, no bairro sem nome. como referência há o comodismo na esquina.
Em recompensa ofereço qualquer coisa que seja de minha posse, exceto as procuradas. o interessado deve conseguir levar sem ajuda alheia de qualquer tipo, caso contrário o desejado não será cedido.
Agradecida pela atenção.
♥

terça-feira, 6 de julho de 2010
Engraçado

Eu queria escrever sobre como a graça é relativa, como eventos bizarros estão divididos tenuamente entre o triste e o cômico.
Devanear sobre graça não ser sobre riso, mas se sentir bem.
O inicio teria uma pequena critica às piadas que preservam e espalham ideologias que menosprezam outro grupo, logo depois explicaria que não teço sobre fatos e começaria a despejar o sentimentalismo barato dos momentos pequenos. Terminando com comparações sobre vida e morte versus humor negro, ratificando o ponto onde o relativismo é o cerne de todas as opiniões.
Não consegui.
Talvez seja a cabeça cheia de nada, o tempo que passei sem escrever, um bloqueio ou pura falta de talento.
Independente disso, tive vontade de passar aqui.
Já esgotou-se o estoque de textos "postáveis"... E a mente está esgotada em si.
Repito que não gosto de discursar sobre o que penso, apenas descrever de forma abstrata tal o próprio pensamento e as sensações produzidas.
-Essa sou eu, com exceções esporadicas a nenhuma regra. Seguindo o que quero fazer.
Já programei o próximo post, bem perto...
{O que saiu dos meus dedos ainda sem organização/Eis a construção interrompida do expelir de um pensamento:}
A graça das coisas é tão relativa quanto todo o resto.
(Quero rir das minhas culpas e amores.)
A testa que se contrai em preocupação com quedas alheias...
Divide espaço com os olhos molhados de riso do próprio joelho ralado.
Ficar encarando o teto por tanto tempo que não se tem idéia das horas...
Mas se perguntado o que pensava, não saberia dizer tamanha a superfluidade.
A piada racista que enoja, a sexista que conserva e a de humor negro que camufla.
É sobre o que todos já sabem, continuam propagando e negam ante julgamentos morais.
Mas não falo sobre isso, pouco falo da realidade emanada pelo mundo.
É a graça de tudo aquilo interessante, muitas vezes tão única que nem é considerada.
Não do riso em si.
Alguém se arrisca a por em ordem ou continuar?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Não é que eu esteja voltando, não é que eu esteja partindo
Mutando, apenas... Seguindo.
(mesmo/para isso)
Deixando para trás, abandonando, desistindo.
Transformando-se tal uma borboleta que livra-se de uma segunda crisálida.
Aperfeiçoando os defeitos invisíveis.
Quiçá, além de voar também respire em baixo d'água...
E o tempo surge, como uma criança brincando de esconde-esconde, gritando "Te achei!".
O engraçado são as fugas que parecem caças...
segunda-feira, 8 de março de 2010
...porque todos os outros são dos homens
Não é machismo, é realidade.
Grandes avanços ainda não suprimiram os pensamentos de que mulheres são melhores mães e homens no resto...
Sou contra extremismos, fanáticos dão-me ansias (seja qual for seu ídolo).
O melhor seria apelar para a praticidade. O cara pode abrir o carro pela porta do carona (mais próxima da calçada) e a garota destravar a outra porta por dentro (se bem que com as travas elétricas isso é passado).
A moça tá afim de comer escargot com calda de pêssego enquanto seu companheiro só tem dinheiro para pagar hambúrguer? Ou vão no francês mais barato e racham a conta, ou a garota engole a vontade e se aproveita da generosidade do rapaz. Essa coisa de conta paga apenas pelos homens é da época que as mulheres ainda não trabalhavam... Agora nada mais justo que cada um pagar pelo consumido, exceto em casos de convite-insistência/falta de grana.
Se eles podem fazer surpresas como flores e chocolates em épocas não-especiais, elas podem agradá-los também e não ficará com cara de machismo, apenas demonstrará que o afeto é mútuo.
Tarefas domésticas serem fifty-fifty é básico, no caso de esposas que trabalham. Essa coisa de alguém ter que se transformar em três ou quatro é desumano, mesmo nos casos onde não se tem outra maneira. Além do mais crianças com mais de doze anos estão mais que aptas para lavar seus pratos e suas peças íntimas, talvez até varrer seus quartos. Se cada um limpa o que suja grande parte da bangunça deixa de existir.
Nem gosto muito de falar sobre as discrepâncias de salários, isso vem de um lado mais capitalista-sanguessuga que de problemas reais com o sexo feminino.
E vou encerrando por agora, antes que pense em qualquer coisa a mais para dizer.
Grandes avanços ainda não suprimiram os pensamentos de que mulheres são melhores mães e homens no resto...
Sou contra extremismos, fanáticos dão-me ansias (seja qual for seu ídolo).
O melhor seria apelar para a praticidade. O cara pode abrir o carro pela porta do carona (mais próxima da calçada) e a garota destravar a outra porta por dentro (se bem que com as travas elétricas isso é passado).
A moça tá afim de comer escargot com calda de pêssego enquanto seu companheiro só tem dinheiro para pagar hambúrguer? Ou vão no francês mais barato e racham a conta, ou a garota engole a vontade e se aproveita da generosidade do rapaz. Essa coisa de conta paga apenas pelos homens é da época que as mulheres ainda não trabalhavam... Agora nada mais justo que cada um pagar pelo consumido, exceto em casos de convite-insistência/falta de grana.
Se eles podem fazer surpresas como flores e chocolates em épocas não-especiais, elas podem agradá-los também e não ficará com cara de machismo, apenas demonstrará que o afeto é mútuo.
Tarefas domésticas serem fifty-fifty é básico, no caso de esposas que trabalham. Essa coisa de alguém ter que se transformar em três ou quatro é desumano, mesmo nos casos onde não se tem outra maneira. Além do mais crianças com mais de doze anos estão mais que aptas para lavar seus pratos e suas peças íntimas, talvez até varrer seus quartos. Se cada um limpa o que suja grande parte da bangunça deixa de existir.
Nem gosto muito de falar sobre as discrepâncias de salários, isso vem de um lado mais capitalista-sanguessuga que de problemas reais com o sexo feminino.
E vou encerrando por agora, antes que pense em qualquer coisa a mais para dizer.
Meu blog, minha opinião, minha visão.... ¬¬
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
um ano
http://jelimao.blogspot.com/2009/01/la.html
O tempo passou, da mesma forma que sempre passa, na igual medida exata.
Ficar diferente é normal, não há uma constante imutável.
Ainda sorrimos, aonde quer que seja, admirando o crepúsculo.
Mas as escadas foram gradeadas e agora há muitos prédios em nossa volta.
A comunicação parece falha; defeituosas rotinas.
E um ano parece tanto tempo quanto ele não foi.
Nesse momento espero apenas que a mente nunca se esqueça.
Por que o mais nós faremos.
O tempo passou, da mesma forma que sempre passa, na igual medida exata.
Ficar diferente é normal, não há uma constante imutável.
Ainda sorrimos, aonde quer que seja, admirando o crepúsculo.
Mas as escadas foram gradeadas e agora há muitos prédios em nossa volta.
A comunicação parece falha; defeituosas rotinas.
E um ano parece tanto tempo quanto ele não foi.
Nesse momento espero apenas que a mente nunca se esqueça.
Por que o mais nós faremos.
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Segundo o dicionário:
Devaneador, adj. e s. m. Que, ou aquele que devaneia; sonhador.
Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)
Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.
Devanear, v. tr. dir. Imaginar, fantasiar, sonhar; intr. delirar; dizer ou imaginar coisas sem nexo; desvairar; tr. ind. cuidar, pensar. (De de+lat. vanu.)
Devaneio, s. m. Ato de devanear; sonho; fantasia; delírio, divagação; quimera.

Esta obra de Ariane Anaya, foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.