sexta-feira, 29 de junho de 2012

Metade (18.06.2012)


A mordida é incompleta:
Metade do sangue derramado é dormência;
Da vida se falta parte,
Nítida é a ausência.
Nem sempre dor é o incômodo,
Dilacerar é a rotina;
Do mastigar é melhor a privação.


E no sorriso procuram-se dentes,
Pois a boca mal aberta
Reflete apenas resignação.
A falta que o sentir faz.


O gosto não preenche;
Apenas o eco dos sabores;
Os lábios tocam, nada mais.
O que é do beijo sem sensação?
Simplesmente provar vazio,
Enquanto o peito permanece batendo;
Sem intensidade resta sobreviver.